sexta-feira, 27 de novembro de 2009

OUTROS ASPECTOS DO SETOR

01- O PROBLEMA DA FOME

Apesar de países do Terceiro Mundo serem exportadores de gêneros alimentícios, é exatamente nesta área que a fome e a desnutrição atingem um número elevado de pessoas. Quais as razões que podem justificar este fato?

ü A modernização agrícola acarretou a valorização das terras e a elevação dos custos de produção, provocando desemprego no campo e aumentando a concentração fundiária;

ü A agricultura nos países atrasados tende a privilegiar a produção para o mercado externo, em detrimento da produção de alimentos para o mercado interno;

ü As grandes empresas transnacionais monopolizam a produção e a distribuição de alimentos, impondo preços e dificultando o desempenho do pequeno produtor.


02- A REVOLUÇÃO VERDE

A Revolução Verde foi concebida nos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial. Os países desenvolvidos visavam criar uma estratégia de elevação da produção agrícola mundial através da utilização de um pacote tecnológico. Para isso, procurava-se fazer uso de sementes melhoradas geneticamente. Empresas transnacionais do setor eram as grandes interessadas no processo, já que eram fornecedoras de sementes, fertilizantes e defensivos agrícolas. Os grandes beneficiados foram os grandes proprietários, as empresas agrícolas e as empresas fornecedoras de insumos para a agricultura.

03- BIOTECNOLOGIA

A Biotecnologia começou a apresentar os primeiros resultados em meados da década de 80. Por volta de 1986, as primeiras plantas modificadas geneticamente começaram a ser testadas no mundo e hoje, a área total plantada com cultivos transgênicos, principalmente soja, milho, algodão, canola e batata já ocupam mais de 28 milhões de hectares. O Canadá e os Estados Unidos são os que mais se destacam na produção de transgênicos. Um dos aspectos positivos da utilização de plantas geneticamente modificadas é o aumento da produtividade que ela proporciona, criando plantas mais resistentes às pragas. Com isso pode ocorrer um aumento da produtividade e o conseqüente barateamento nos produtos agrícolas.

A AGRICULTURA BRASILEIRA

Desde os anos 70, a agricultura brasileira tem três objetivos:

1º. Dar todo o tipo de incentivo aos cultivos voltados para exportação. Fortes subsídios estimularam a produção de soja e de laranja, principalmente.

2º. Produzir matéria-prima para o setor industrial. O crescimento econômico do país não podia ser prejudicado pela falta de matérias-primas e energia. Grandes complexos industriais surgiram em decorrência desta política.

3º. Produzir alimentos para o mercado interno. Como as maiores e melhores terras foram reservadas aos dois primeiros objetivos, este não foi atingido.

O incentivo a produção de soja, laranja e cana-de-açúcar, entre outros, promoveu uma grande concentração fundiária, fazendo desaparecer a figura do pequeno proprietário.

Uma outra conseqüência foi a redução na oferta de gêneros alimentícios à população e o inevitável aumento nos preços destes gêneros. As relações de trabalho passaram a refletir a penetração do capitalismo no campo, com a ampliação do trabalho temporário e o surgimento do “bóia-fria”.

A formação de complexos agroindustriais é uma forma de inter-relação em ter o campo e a cidade, onde o campo fornece matéria prima à indústria e a indústria fornece maquinários e insumos para a agricultura.

A ESTRUTURA FUNDIÁRIA

Existem aproximadamente 35.083 latifúndios improdutivos com área superior a 1000 hectares. Eles abrangem 153 milhões de hectares, um território equivalente aos da França, Espanha, Alemanha, Suíça e Áustria somados. Com tantas terras nas mãos de poucos e vastas extensões improdutivas, aqueles que não tem acesso à terra sentem-se estimulados a lutarem pela sua posse. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tem como bandeira de luta a invasão de propriedades improdutivas como forma de pressionar o governo a agilizar o processo de assentamento dos sem-terra.

Essas desigualdades existentes nas formas de uso do solo, bem como a submissão ao mercado esterno, contribuem para fazer do campo um verdadeiro palco de duradouros conflitos pela posse e exploração da terra. De um lado, os pequenos proprietários, os posseiros, os meeiros e os bóias-frias, e, do outro lado do “front”, os grileiros, os latifundiários, as grandes empresas agrícolas nacionais e internacionais.

Desde os anos 80 já foram distribuídos 30 milhões de hectares de terra a 618.000 famílias.

Nos dois governos FHC cerca de 500.000 famílias receberam seu lote. No entanto, a renda dos lotes é muito baixa e cerca de 30% dos beneficiados abandonam o lote. Mais ou menos, 40% retiram do assentamento apenas o necessário para a subsistência e somente 30% melhoram de vida depois de receberem a terra.

AS RELAÇÕES DE TRABALHO

As relações de trabalho sofreram uma grande modificação depois dos anos 80, com o aparecimento das empresas rurais, que utilizam capitais urbanos. Os trabalhadores permanentes, aqueles que são contratados com vínculo empregatício, aparecem em número reduzido.

A maioria das empresas agropecuárias dá preferência a trabalhadores temporários, que são contratados nas épocas de maior necessidade, sem qualquer vínculo empregatício. O bóia-fria é o mais comum.
A maior parte das propriedades rurais é explorada diretamente pelos proprietários. Em pequenas propriedades a exploração é realizada de acordo com as necessidades do mercado e não com a de seus donos, já que o mercado determina o que se deve produzir.

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